quinta-feira, 19 de março de 2015

Romantismo

O romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII na Europa que perdurou por grande parte do século XIX. Os primeiros países que iniciaram o movimento romântico foram Alemanha (1790 – 1830), Inglaterra (1790 – 1832) e França (1825 – 1850). Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao racionalismo e ao iluminismo e buscou um nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais na Europa.
O movimento passa a designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo, em seu sentimento. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo. Se o século XVIII foi marcado pela objetividade, pelo iluminismo e pela razão, o início do século XIX seria marcado pelo lirismo, pela subjetividade, pela emoção e pelo eu. A subjetividade da vida ganhou grande destaque no período romântico. Baseava-se na inspiração fugaz dos momentos fortes da vida subjetiva: na fé; no sonho; na paixão; na intuição; na saudade; na analogia entre a natureza e o sentimento; e na força das lendas nacionais.
O romantismo surgiu na Europa em uma época em que o ambiente intelectual era de grande rebeldia. Na política, caíam sistemas de governo despóticos e surgia o liberalismo político. No campo social, imperava o inconformismo. No campo artístico, o repúdio às regras. A Revolução Francesa é o clímax desse século de oposição.


A liberdade guiando o povo por Eugène Delacroix

Características do romantismo
·         Individualismo - os românticos libertam-se da necessidade de seguir formas reais de intuito humano, abrindo espaço para a manifestação da individualidade, muitas vezes definida por emoções e sentimentos.
·         Subjetivismo – expressão pessoal sobre o mundo. Com plena liberdade de criar, o artista romântico não se acanha em expor suas emoções pessoais, em fazer delas a temática de sua obra.
·         Idealização – movido pela imaginação/subjetividade, os artistas exageram nas características de suas produções artísticas.
·         Sentimentalismo exacerbado – as obras românticas apresentam sentimentalismo exagerado, sendo as mais comuns a saudade, o amor à pátria, a tristeza e a desilusão. A realidade é visto sob a perspectiva pessoal
·         Natureza interagindo com o eu lírico -, a natureza interage com o eu-lírico. Ela funciona quase como a expressão mais pura do estado de espírito do poeta. Não funciona mais como apenas paisagem.
·         Medievalismo (na Europa) - a origem de seu povo, de sua língua e de seu próprio país foram utilizados para despertar o nacionalismo.
·         Indianismo - Como os brasileiros não tinham um cavaleiro para idealizar, os escritores adotaram o índio como o ícone para a origem nacional e o colocam como um herói. O indianismo resgatava o ideal do "bom selvagem" (Jean-Jacques Rousseau), segundo o qual a sociedade corrompe o homem e o homem perfeito seria o índio, que não tinha nenhum contato com a sociedade europeia.
No Brasil, o romantismo coincidiu com a Independência política do Brasil em 1822, com o Primeiro reinado; com a guerra do Paraguai; e com a campanha abolicionista. O romantismo no Brasil pode ser dividido em três gerações:
A primeira geração (nacionalista–indianista) era voltada para a natureza, o regresso ao passado histórico. Criou-se um herói nacional entorno da figura do índio, de onde surgiu a denominação de geração indianista. Também se destaca o nacionalismo, na tentativa de desconstruir o sentimento de colonialismo, firmando o nascimento de uma nação. A idealização do mundo e da mulher; a depressão por essa idealização não se materializar; assim como a fuga da realidade e o escapismo.
Entre as principais características da primeira geração romântica no Brasil estão: o nacionalismo ufanista, o indianismo, o subjetivismo, a religiosidade, o brasileirismo (linguagem), a evasão do tempo e espaço, o egocentrismo, o individualismo, o sofrimento amoroso, a exaltação da liberdade, a expressão de estados de alma, emoções e sentimentalismo.
A segunda geração, também conhecida como Byroniana e Ultrarromantismo, em virtude do exacerbado egocentrismo e da contundente melancolia. Os representantes dessa geração eram extremamente pessimistas, e por levar uma vida desregrada, vivendo em ambientes sombrios e úmidos e fazendo parte da boemia, foram acometidos pelo chamado “Mal do Século”, morrendo precocemente em função de doenças adquiridas pelos maus hábitos cotidianos.
Já as principais características da segunda geração foram o profundo subjetivismo, o egocentrismo, o individualismo, a evasão na morte, o saudosismo (lamentação) em Casimiro de Abreu, por exemplo, o pessimismo, o sentimento de angústia, o sofrimento amoroso, o desespero, o satanismo e a fuga da realidade.
Por fim há a terceira geração, conhecida também como geração Condoreira, simbolizada pelo Condor, devido a sua visão ampla sobre todas as coisas. Seria a fase de transição para outra corrente literária, o realismo, a qual denuncia os vícios e males da sociedade, mesmo que o faça de forma enfatizada e irônica, com o intuito de pôr a descoberto realidades desconhecidas que revelam fragilidades.
As principais características são o erotismo, a mulher vista com virtudes e pecados, o abolicionismo, a visão ampla e conhecimento sobre todas as coisas, a realidade social e a negação do amor platônico, com a mulher podendo ser tocada e amada.
Essas três gerações citadas acima apenas se aplicam para a poesia romântica, pois a prosa no Brasil não foi marcada por gerações, e sim por estilos de textos - indianista, urbano ou regional - que aconteceram todos simultaneamente.
No país, entretanto, o romantismo perdurará até 1880. Com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, por Machado de Assis, em 1881, ocorre formalmente a passagem para o período realista.

Assista aos vídeos abaixo com explicações mais detalhadas:








 

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