O romantismo foi um
movimento artístico, político e filosófico surgido nas últimas décadas do
século XVIII na Europa que perdurou por grande parte do século XIX. Os
primeiros países que iniciaram o movimento romântico foram Alemanha (1790 –
1830), Inglaterra (1790 – 1832) e França (1825 – 1850). Caracterizou-se como
uma visão de mundo contrária ao racionalismo e ao iluminismo e buscou um
nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais na Europa.
O movimento passa a
designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo, em seu sentimento. Os
autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama
humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo. Se o século
XVIII foi marcado pela objetividade, pelo iluminismo e pela razão, o início do
século XIX seria marcado pelo lirismo, pela subjetividade, pela emoção e pelo
eu. A subjetividade da vida ganhou grande destaque no período romântico. Baseava-se
na inspiração fugaz dos momentos fortes da vida subjetiva: na fé; no sonho; na
paixão; na intuição; na saudade; na analogia entre a natureza e o sentimento; e
na força das lendas nacionais.
O romantismo surgiu
na Europa em uma época em que o ambiente intelectual era de grande rebeldia. Na
política, caíam sistemas de governo despóticos e surgia o liberalismo político.
No campo social, imperava o inconformismo. No campo artístico, o repúdio às
regras. A Revolução Francesa é o clímax desse século de oposição.
A liberdade guiando o povo por Eugène Delacroix |
Características do romantismo
·
Individualismo - os românticos
libertam-se da necessidade de seguir formas reais de intuito humano, abrindo
espaço para a manifestação da individualidade, muitas vezes definida por
emoções e sentimentos.
·
Subjetivismo – expressão pessoal sobre
o mundo. Com plena liberdade de criar, o artista romântico não se acanha em
expor suas emoções pessoais, em fazer delas a temática de sua obra.
·
Idealização – movido pela
imaginação/subjetividade, os artistas exageram nas características de suas
produções artísticas.
·
Sentimentalismo exacerbado – as obras românticas
apresentam sentimentalismo exagerado, sendo as mais comuns a saudade, o amor à pátria,
a tristeza e a desilusão. A realidade é visto sob a perspectiva pessoal
·
Natureza interagindo com o eu lírico -,
a natureza interage com o eu-lírico. Ela funciona quase como a expressão mais
pura do estado de espírito do poeta. Não funciona mais como apenas paisagem.
·
Medievalismo (na Europa) - a origem de
seu povo, de sua língua e de seu próprio país foram utilizados para despertar o
nacionalismo.
·
Indianismo - Como os brasileiros não
tinham um cavaleiro para idealizar, os escritores adotaram o índio como o ícone
para a origem nacional e o colocam como um herói. O indianismo resgatava o
ideal do "bom selvagem" (Jean-Jacques Rousseau), segundo o qual a
sociedade corrompe o homem e o homem perfeito seria o índio, que não tinha
nenhum contato com a sociedade europeia.
No Brasil, o
romantismo coincidiu com a Independência política do Brasil em 1822, com o
Primeiro reinado; com a guerra do Paraguai; e com a campanha abolicionista. O
romantismo no Brasil pode ser dividido em três gerações:
A primeira geração
(nacionalista–indianista) era voltada para a natureza, o regresso ao passado
histórico. Criou-se um herói nacional entorno da figura do índio, de onde
surgiu a denominação de geração indianista. Também se destaca o nacionalismo, na
tentativa de desconstruir o sentimento de colonialismo, firmando o nascimento
de uma nação. A idealização do mundo e da mulher; a depressão por essa idealização
não se materializar; assim como a fuga da realidade e o escapismo.
Entre as principais
características da primeira geração romântica no Brasil estão: o nacionalismo
ufanista, o indianismo, o subjetivismo, a religiosidade, o brasileirismo
(linguagem), a evasão do tempo e espaço, o egocentrismo, o individualismo, o
sofrimento amoroso, a exaltação da liberdade, a expressão de estados de alma,
emoções e sentimentalismo.
A segunda geração,
também conhecida como Byroniana e Ultrarromantismo, em virtude do exacerbado
egocentrismo e da contundente melancolia. Os representantes dessa geração eram
extremamente pessimistas, e por levar uma vida desregrada, vivendo em ambientes
sombrios e úmidos e fazendo parte da boemia, foram acometidos pelo chamado “Mal
do Século”, morrendo precocemente em função de doenças adquiridas pelos maus
hábitos cotidianos.
Já as principais
características da segunda geração foram o profundo subjetivismo, o
egocentrismo, o individualismo, a evasão na morte, o saudosismo (lamentação) em
Casimiro de Abreu, por exemplo, o pessimismo, o sentimento de angústia, o
sofrimento amoroso, o desespero, o satanismo e a fuga da realidade.
Por fim há a terceira
geração, conhecida também como geração Condoreira, simbolizada pelo Condor, devido
a sua visão ampla sobre todas as coisas. Seria a fase de transição para outra
corrente literária, o realismo, a qual denuncia os vícios e males da sociedade,
mesmo que o faça de forma enfatizada e irônica, com o intuito de pôr a
descoberto realidades desconhecidas que revelam fragilidades.
As principais
características são o erotismo, a mulher vista com virtudes e pecados, o
abolicionismo, a visão ampla e conhecimento sobre todas as coisas, a realidade
social e a negação do amor platônico, com a mulher podendo ser tocada e amada.
Essas três gerações
citadas acima apenas se aplicam para a poesia romântica, pois a prosa no Brasil
não foi marcada por gerações, e sim por estilos de textos - indianista, urbano
ou regional - que aconteceram todos simultaneamente.
No país, entretanto,
o romantismo perdurará até 1880. Com a publicação de Memórias Póstumas de Brás
Cubas, por Machado de Assis, em 1881, ocorre formalmente a passagem para o
período realista.
Assista aos vídeos abaixo com explicações mais detalhadas:
Assista aos vídeos abaixo com explicações mais detalhadas: