Realismo e Naturalismo
O realismo foi um movimento artístico e literário surgido nas últimas décadas do século XIX na Europa, mais especificamente na França, em reação ao romantismo. Entre 1850 e 1900 o movimento cultural, chamado realismo, predominou na França e se estendeu pela Europa e outros continentes. Os integrantes desse movimento repudiaram a artificialidade do neoclassicismo e do romantismo, pois sentiam a necessidade de retratar a vida, os problemas e costumes das classes média e baixa não inspirada em modelos do passado. O movimento manifestou-se também na escultura e, principalmente, na pintura e em alguns aspectos sociais.
Entende-se por "realismo literário" um estilo de
escrita que toma a realidade como princípio orientador de criação artística por
meio da palavra. Neste sentido, o realismo pode ser percebido em texto de
qualquer época, desde as primeiras manifestações da humanidade até hoje; mas,
como movimento relativamente organizado, começou na segunda metade do século
XIX, na França, difundindo-se por todos os países da Europa, com oposição
declarada, ou não, ao sentimento romântico. O movimento realista correspondeu à
ascensão da pequena burguesia. O pensamento filosófico que exerceu mais
influência no surgimento do realismo foi o positivismo. Ao contrário do gosto
da alta burguesia, interessada no jogo vazio das formas artísticas (a
"arte pela arte"), motivou-a uma arte voltada a solução dos problemas
sociais, isto é, uma arte "engajada" de "compromissos", que
se colocava também contra o tradicionalismo romântico e procurava incorporar os
descobrimentos científicos de seu tempo.
O naturalismo é uma espécie de prolongamento do realismo.
Não chegaram a ser movimentos literários distintos, tanto é que muitos autores
são simultaneamente realistas e naturalistas, sendo o naturalismo
cronologicamente posterior ao realismo. Para muitos, o realismo representava
uma alternativa do que era visto como um isolamento ou mesmo um elitismo da
vanguarda — ponto de vista que ganhou apoio a partir da adoção do realismo
socialista como a forma oficial de arte da União Soviética. Contudo, outras
vozes insistiam em que a vanguarda possuía um papel a exercer no
desenvolvimento de um realismo moderno adequado às condições do século
Realismo não só foi moldado como uma importante escola e
períodos da história da literatura, mas também foi uma constante de toda a
literatura, a sua primeira formulação teórica foi o princípio da mimesis na
Poética de Aristóteles. Em geral, os realistas retratavam temas e situações em
contextos contemporâneos do cotidiano, e tentaram descrever indivíduos de todas
as classes sociais de uma maneira similar. O idealismo clássico, o
emocionalismo romântico e drama foram evitados de forma igual, e muitas vezes
os sórdidos ou não cuidados elementos de temas não foram suavizados ou
omitidos. O realismo social enfatiza a representação da classe trabalhadora, e
os tratam com a mesma seriedade que as outras classes de arte, mas o realismo,
como prevenção a artificialidade, no tratamento das relações humanas e as
emoções também eram um objetivo do realismo. Tratamentos de assuntos de uma
maneira heroica ou sentimental foram igualmente rejeitados.
Motivados pelas teorias científicas e filosóficas da época,
os escritores realistas desejavam retratar o homem e a sociedade em sua
totalidade.30 Não bastava mostrar a face sonhadora ou idealizada da vida, como
fizeram os românticos; desejaram mostrar a face nunca antes revelada: a do
cotidiano massacrante, do amor adúltero, da falsidade e do egoísmo humano, da
impotência do homem comum diante dos poderosos.
Uma característica do romance realista é o seu poder de
crítica, adotando uma objetividade que faltou ao romantismo. Grandes escritores
realistas descrevem o que está errado de forma natural, ou por meio de
histórias como Machado de Assis. Se um autor desejasse criticar a postura de
alguma entidade, não escreveria um soneto para tanto, porém escreveria histórias
que envolvessem-na de forma a inserir nessas histórias o que eles julgam ser a
entidade e como as pessoas reagem a ela.
Em lugar do egocentrismo romântico, verifica-se um enorme
interesse de descrever, analisar e até em criticar a realidade. A visão
subjetiva e parcial da realidade é substituída pela visão objetiva, sem
distorções. Dessa forma os realistas procuram apontar falhas talvez como modo
de estimular a mudança das instituições e dos comportamentos humanos. Em lugar
de heróis, surgem pessoas comuns, cheias de problemas e limitações. Na Europa,
o realismo teve início com a publicação do romance realista Madame Bovary
(1857) de Gustave Flaubert.
Assista aos vídeos abaixo: