quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Valores semânticos dos conectivos (exercícios no final)



1 – O QUE SÃO CONECTIVOS?

Para entendermos os valores semânticos dos conectivos, devemos, antes, saber o que é um conectivo. Afinal, o que é um conectivo? Bom, como o próprio nome diz, os conectivos conectam frases, orações ou palavras. Observe os exemplos a seguir; neles, encontramos frases que podem ser produzidas pelos falantes em determinadas situações:


2 – OS VALORES SEMÂNTICOS E OS CONECTIVOS

Como vimos em sala de aula, a semântica, de um modo geral, é a área dos estudos da linguagem que investiga os sentidos das palavras ou dos enunciados. Os conectivos, muitas vezes, ao ligarem expressões linguísticas, palavras ou orações, exprimem uma relação semântica (relação de sentido). É o caso, por exemplo, da frase d: Estou contigo porque você é a mãe dos meus filhos. Nota-se que a oração sublinhada, introduzida pelo conectivo porque, é a causa ou explicação da oração anterior Estou contigo. Por outro lado, no caso da frase b, Gosto de você, o conectivo de apenas liga as duas palavras, não exprimindo nenhuma relação de sentido. Note ainda que, no exemplo c, Amo você. Contigo o mundo faz mais sentido, podemos depreender uma relação de sentido causal ou explicativa, mesmo não havendo conectivo. Essa relação fica clara se colocarmos um pois ou um porque antes da segunda frase, desta forma: Amo você, pois contigo o mundo faz mais sentido.

CONCLUSÃO:

a) Os conectivos são palavras que ligam duas palavras ou orações.

Ex.: Gosto de você.  Conectivo = DE

Ex.: Estou contigo porque você é a mãe dos meus filhos.  Conectivo = PORQUE

b) Um conectivo pode exprimir uma relação semântica entre duas palavras ou orações.

Ex.: Estou contigo porque você é a mãe dos meus filhos.  Conectivo = PORQUE

VALOR SEMÂNTICO DO CONECTIVO PORQUE = CAUSA OU EXPLICAÇÃO.

c) Nem sempre um conectivo exprime uma relação semântica entre duas palavras ou orações.

Ex.: Gosto de você.  Conectivo = DE

O CONECTIVO DE NÃO EXPRIME NENHUMA RELAÇÃO SEMÂNTICA; APENAS LIGA DUAS PALAVRAS.

d) Às vezes, mesmo não havendo um conectivo, podemos subentender uma relação de sentido entre duas frases.

Ex.: Amo você. Contigo o mundo faz mais sentido.

RELAÇÃO SEMÂNTICA ENTRE AS FRASES = CAUSA OU EXPLICAÇÃO.

3 – VALORES SEMÂNTICOS DOS CONECTIVOS

Passaremos agora a descrever os principais valores semânticos exprimidos pelos conectivos.

A) COMPARAÇÃO: Há conectores que exprimem um sentido comparativo. Nesse caso, eles ligam enunciados que possuem elementos relacionados por semelhança ou diferença.

Ex.: Sou mais bonito do que o Brad Pitt.

Ex.: Sou tão bonito quanto o Brad Pitt.

Obs.: Note que, embora as duas frases possuam o valor semântico comparativo, o sentido delas é diferente. Na primeira, o falante considera sua beleza superior à de Brad Pitt; na segunda, o falante iguala sua beleza à de Brad Pitt.

Conectivos que geralmente exprimem o valor semântico comparativo: do que, que, quanto, como.

B) TEMPO: Existem conectores que relacionam duas ações localizando uma em relação à outra no tempo. É o caso dos exemplos abaixo.

Ex.: Quando ela chegou, fui embora.

Ex.: Assim que ela chegou, fui embora.

Obs.: Note que, embora as duas frases possuam o valor semântico temporal, o sentido delas é diferente. A segunda frase, em relação à primeira, é mais precisa, pois o uso do assim que demonstra que o falante foi embora no momento exato em que a pessoa mencionada chegou.

C) CONDIÇÃO: Apesar de a ideia de condição ser facilmente identificada, ela é difícil de ser definida. De modo geral, pode-se dizer que a relação de condição ocorre da seguinte maneira: se a primeira for verdadeira, a segunda também será. Sendo assim, pode-se dizer que há uma dependência entre uma ação e outra.

Ex.: Não saio sem arrumar a casa. (Condição para sair: arrumar a casa).

Ex.: Só ficarei com a Ernestina se ela for fiel a mim.

Ex.: Posso até ficar com a Ernestina, desde que ela me seja fiel.

Ex.: Posso até ficar com a Ernestina, contanto que ela me seja fiel.

Obs.: Note que, nos últimos três exemplos, o falante estabelece uma mesma condição para que se relacione amorosamente com Ernestina. Para que o encontro amoroso se dê, ela precisa ser fiel a ele.

Conectivos que geralmente exprimem o valor semântico temporal: logo, quando, assim que, mal, no momento em que, enquanto, depois que e outros.

Conectivos que geralmente exprimem o valor semântico condicional: se,

D) CAUSA E CONSEQUÊNCIA: Uma causa sempre vem junto de uma consequência. De maneira geral, a causa pode ser definida como um fato que gera outro. Por seu turno, esse outro fato, gerado pela causa, é a consequência. Para saber se um conectivo tem valor semântico de causa ou consequência, basta saber se ele encabeça uma oração ou palavra que é causa ou consequência da anterior. Veja os exemplos abaixo:

Ex.: Morreu de infarto.

CAUSA > INFARTO

CONSEQUÊNCIA > MORTE

VALOR SEMÂNTICO DO DE: CAUSA

Ex.: Com a perda dos pênaltis, o Brasil foi eliminado.

CAUSA  >  PERDA DE PÊNALTIS

CONSEQUÊNCIA  >  ELIMINAÇÃO

VALOR SEMÂNTICO DO COM: CAUSA

Ex.: Virou o jogo por se dedicar bastante.

CAUSA  >  DEDICAÇÃO

CONSEQUÊNCIA  >  VIRAR O JOGO

VALOR SEMÂNTICO DO POR: CAUSA

Ex.: Os bombeiros protestaram porque queriam aumento de salário.

desde que, contanto que, sem entre outros.

CAUSA  >  AUMENTO DE SALÁRIO

CONSEQUÊNCIA  >  PROTESTO

VALOR SEMÂNTICO DO PORQUE: CAUSA

Conectivos que geralmente exprimem o valor semântico causal: porque, por, com, como, de, uma vez que, visto que, por conta de, pois, entre outros.

Ex.: Basta chover para alagar tudo.

CAUSA  >  CHUVA

CONSEQUÊNCIA  >   ALAGAR TUDO

VALOR SEMÂNTICO DO PARA: CONSEQUÊNCIA

Ex.: Os bombeiros protestaram tanto que conseguiram aumento de salário.

CAUSA  >  MUITOS PROTESTOS

CONSEQUÊNCIA  >  AUMENTO DE SALÁRIO

VALOR SEMÂNTICO DO QUE: CONSEQUÊNCIA

Conectivos que geralmente exprimem o valor semântico de consequência: para, que (antecedido de partícula intensificadora: tão, tanto ou tamanho.

E) EXPLICAÇÃO: A ideia de explicação e causa é muito parecida e de difícil estabelecimento de modo que essa distinção quase não é cobrada em vestibulares. No entanto, vale a pena dedicar algumas linhas para falar sobre a explicação. A explicação não é um fato que gera outro, como a causa, mas uma justificativa de algo dito anteriormente. Exemplos:

Ex.: Não passe pelo centro, pois os bombeiros estão protestando.

AFIRMATIVA > JUSTIFICATIVA DA AFIRMATIVA

Ex.: Os bombeiros devem ter protestado por aqui, tanto que as pessoas estão vestidas de vermelho.

AFIRMATIVA > JUSTIFICATIVA DA AFIRMATIVA

Conectivos que geralmente exprimem o valor semântico de explicação: pois, que, porque, tanto que, entre outros.

E) FINALIDADE: A finalidade ou o fim é a consequência desejada ou preconcebida. Veja:

Ex.: Os bombeiros protestaram para obter aumento de salário.

Ex.: Os bombeiros protestaram para que seus salários aumentassem.

Ex.: Os bombeiros protestaram a fim de que seus salários aumentassem.

Qual a finalidade do protesto dos bombeiros? Com que intenção eles protestaram? Resposta: FINALIDADE.

Conectivos que geralmente exprimem o valor semântico de finalidade: para, para que, a fim de que.

F) CONCLUSÃO: Uma conclusão é uma espécie de fechamento de um raciocínio surgida, geralmente, de duas premissas anteriores, sendo que uma dessas premissas costuma ficar implícita.

Ex.: Sou seu pai, logo você deve me obedecer.

Ex.: Sou seu pai, portanto você deve me obedecer.

PREMISSA 1(implícita): os filhos devem obedecer aos pais.

PREMISSA 2(explícita): sou seu pai.

CONCLUSÃO: você (o filho) deve me obedecer.

Conectivos que geralmente exprimem o valor semântico de conclusão: logo, portanto etc.

G) OPOSIÇÃO: Se um conectivo encabeça um enunciado que se opõe a outro, então esse conectivo possui o valor semântico de oposição.

Ex.: Foi para a noitada, mas não pegou ninguém.

Ex.: Foi para a noitada, porém não pegou ninguém.

Ex.: Embora tenha ido para a noitada, não pegou ninguém.

Ex.: Apesar de ter ido para noitada, não pegou ninguém.

ATENÇÃO: NOTE QUE OS 4 CONECTORES POSSUEM VALORES SEMÂNTICOS DE OPOSIÇÃO, MAS ELES ESTÃO POSICIONADOS EM LUGARES DIFERENTES. OS DOIS PRIMEIROS (MAS E PORÉM) ESTÃO DO LADO DA ORAÇÃO ROXA E OS DOIS ÚLTIMOS (EMBORA E APESAR DE) ESTÃO ENCABEÇANDO A ORAÇÃO AZUL. POR QUE O EMBORA E O APESAR DE TEM DE ENCABEÇAR A ORAÇÃO AZUL E NÃO A ORAÇÃO ROXA COMO O MAS E O PORÉM?

RESPOSTA: PORQUE SE ELES ENCABEÇAREM A MESMA ORAÇÃO O SENTIDO DA FRASE MUDA!

EXEMPLO: I. Quero pegá-la, mas ela tem namorado.

Comentário: o fato de ela ter namorado é considerado um problema para esse falante. Provavelmente ele não vai seduzi-la porque ela tem namorado. (O mas e o porém são adversativos: fortalecem o oração a que se ligam)

COLOCANDO O EMBORA NO MESMO LUGAR DO MAS...

II. Embora ela tenha namorado, quero pegá-la.

Comentário: se colocarmos o embora na mesma posição do mas, ou seja, antes da oração vermelha, o sentido será outro. Nesse caso, o que

prevalece é a vontade do falante de se relacionar com a menina. O fato de ela ter namorado não é considerado um problema, apenas um detalhe. Provavelmente ele vai seduzi-la.

Sentido de II ≠ Sentido de I

COLOCANDO O EMBORA NA OUTRA ORAÇÃO...

III. Embora eu queira pegá-la, ela tem namorado.

Comentário: se colocamos o embora em outra posição, antes da oração azul, iremos obter o mesmo sentido da frase I. Nesse caso, o fato de ela ter namorado, assim como em I, também é considerado um problema para esse falante. Provavelmente ele não vai seduzi-la porque ela tem namorado. (O embora, o apesar de e o ainda que são concessivos; enfraquecem a oração a que se ligam; portanto, fortalecem a oração a que não se ligam)

Sentido de III = Sentido de I

H) ADIÇÃO: O valor semântico de adição é expresso por um conectivo quando ele liga duas expressões ou orações que se somam.

Ex.: Loco Abreu driblou e fez o gol.

Ex.: Loco Abreu não apenas driblou, mas também fez o gol.

Ex.: Elano e André Santos não converteram o pênalti, nem a falta.

ATENÇÃO: CUIDADO COM O E!

O e nem sempre é um conectivo aditivo. Se ele estiver ligando duas orações que se opõem, terá valor de oposição; se estiver ligando duas orações, sendo que uma é conclusão de outra, será conclusivo. Por esse motivo, convêm analisar a relação de sentido entre as orações para descobrir o valor semântico do conectivo. Observe:

Ex.: Loco Abreu driblou e fez o gol. (ADIÇÃO)

Ex.: Loco Abreu driblou e não fez o gol. (OPOSIÇÃO; equivale a um mas)

Ex.: Pelé foi um grande jogador e deve ser homenageado.

(CONCLUSÃO; equivale a um portanto)

Conectivos que geralmente exprimem o valor semântico de adição: e, nem. Estruturas deste tipo possuem valor semântico de adição: (não só..., mas também), (não somente..., mas também), (não apenas..., mas também), (tanto... quanto).

I) ALTERNÂNCIA: Como nos exemplos abaixo, um conectivo pode exprimir o valor semântico de alternância. A alternância é de difícil definição, mas de fácil entendimento para o falante. Observe:

Ex.: Ora o Botafogo vence, ora o Botafogo perde.

(um fato se alterna com outro)

Ex.: Você gostava mais do futebol do Garrincha ou do Pelé?

(nesse caso, são oferecidas duas alternativas: o ouvinte deverá escolher entre A ou B)

Conectivos que geralmente exprimem o valor semântico de alternância: ou, ou... ou, ora... ora.

J) CONFORMIDADE: A conformidade é uma espécie de comparação entre duas proposições em que uma confirma o teor de outra. Em geral, a conformidade pode ser resumida por esta fórmula: A está de acordo com B.

Ex.: Conforme o previsto, muitos alunos foram aprovados.

B A (está de acordo com B)

Ex.: Agiu como manda o figurino.

A B

Ex.: Segundo a ciência, o cigarro faz mal à saúde.

B A

Conectivos que geralmente exprimem o valor semântico de conformidade: conforme, segundo, como.

OUTROS VALORES: Os conectivos podem exprimir, ainda, outros valores, dentre os quais se destacam os seguintes: origem, destino, posse, matéria, assunto, companhia, presença, ausência, instrumento, agente, lugar, meio e beneficiário. Vejamos os exemplos que tratamos em sala de aula:

Vim de São Paulo. VALOR SEMÂNTICO: ORIGEM

Fui para São Paulo. VALOR SEMÂNTICO: DESTINO

Gravata de João. VALOR SEMÂNTICO: POSSE

Mesa de madeira. VALOR SEMÂNTICO: MATÉRIA

Falou de futebol. VALOR SEMÂNTICO: ASSUNTO

Saiu com a namorada. VALOR SEMÂNTICO: COMPANHIA

Um copo com água. VALOR SEMÂNTICO: PRESENÇA

Um copo sem água. VALOR SEMÂNTICO: AUSÊNCIA

Abriu a porta com a chave. VALOR SEMÂNTICO: INSTRUMENTO

A flor foi aceita por ela. VALOR SEMÂNTICO: AGENTE (Quem aceitou: ela = agente da ação)

Vou por esse caminho. VALOR SEMÂNTICO: LUGAR

Soube disso por telefone. VALOR SEMÂNTICO: MEIO

Dei a grana para o Zé. VALOR SEMÂNTICO: BENEFICIÁRIO

(Quem recebeu a grana: Zé = beneficiário)

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EXERCÍCIOS

A- Leia as frases abaixo e marque o valor semântico do conectivo destacado.


QUESTÃO 1


Acho que a Seleção está vencendo porque ouvi gritos de comemoração na rua.

( ) Causa (X) Explicação   ( ) Consequência ( ) Conclusão


QUESTÃO 2


Como a Seleção venceu, fizemos a festa.

(X) Causa ( ) Oposição   ( ) Consequência ( ) Conclusão


QUESTÃO 3


Secamos tanto o jogador que ele perdeu o pênalti.

( ) Causa ( ) Explicação   (X) Consequência ( ) Conclusão


QUESTÃO 4


Como ele me disse, as inscrições foram abertas hoje.

( ) Comparação ( ) Causa   (X) Conformidade ( ) Tempo


QUESTÃO 5


Enquanto eu fazia a prova, minha mãe rezava.

( ) Oposição ( ) Comparação   ( ) Alternância (X) Tempo


QUESTÃO 6


Ou vai ou racha.

( ) Adição ( ) Comparação   (X) Alternância ( ) Tempo


QUESTÃO 7


Você terá muito tempo para fazer a prova, portanto fique calmo.

( ) Causa ( ) Explicação   ( ) Consequência (X) Conclusão


QUESTÃO 8


Caso queira ser aprovado, estude.

( ) Causa (X) Condição

( ) Consequência ( ) Conclusão


QUESTÃO 9


Obedeça-me, pois sou seu pai.

( ) Causa (X) Explicação   ( ) Consequência ( ) Conclusão


QUESTÃO 10


Saia correndo, porque o prédio está em chamas.

( ) Causa (X) Explicação   ( ) Consequência ( ) Conclusão


QUESTÃO 11


Quando eu morrer, quero ser cremado.

( ) Lugar (X) Tempo   ( ) Explicação ( ) Conformidade


QUESTÃO 12


Por ser um cavalheiro, aceitou o pedido.

(X) Causa ( ) Finalidade   ( ) Agente ( ) Lugar


QUESTÃO 13


Como dizia Cartola, “o mundo é um moinho”.

( ) Comparação ( ) Alternância   (X) Conformidade ( ) Tempo


QUESTÃO 14


Lavaram a roupa suja e saíram ainda mais brigados.

( ) Adição ( ) Conclusão   ( ) Comparação (X) Oposição


QUESTÃO 15


Bateu a falta com tanta força que a bola subiu.

( ) Causa ( ) Explicação   (X) Consequência ( ) Conclusão


QUESTÃO 16


Estava adoentado, não obstante, saiu para a noitada.

( ) Adição ( ) Comparação   ( ) Explicação (X) Oposição


QUESTÃO 17


Sem otimismo, estamos mais perto da realidade.

( ) Conclusão (X) Ausência   ( ) Explicação ( ) Causa


QUESTÃO 18


Aquele rapaz não foi bem recebido por ninguém.

( ) Causa ( ) Finalidade (X) Agente ( ) Lugar


QUESTÃO 19


Não vá por ali!

(X) Lugar ( ) Explicação    ( ) Tempo ( ) Conclusão


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terça-feira, 3 de novembro de 2015

Vídeo aula - Pré-modernismo




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Pré-modernismo

Pré-Modernismo

O Pré-Modernismo no Brasil foi o período compreendido entre 1902 e 1922. Esse período não se constitui como uma “escola literária”, pois não temos um grupo de escritores que apresentem características comuns em relação à temática e à linguagem em suas obras literárias. Na realidade, esse período pode ser considerado uma fase de transição, na qual coexistiram lado a lado ideias conservadoras e ideias renovadoras, em relação à literatura e à realidade brasileira. Nesse período, surge uma literatura voltada para a realidade brasileira, em meio aos aspectos econômicos, políticos e sociais. Os autores dessa época, embora tivessem estilos e objetivos bem distintos, apresentavam um traço comum entre eles: a criação de um Brasil literário, com uma literatura profundamente engajada com o momento que vivenciaram e a ruptura com um passado que não podia mais permanecer em meio às transformações da época.

Contexto histórico mundial
Nesse período, a Europa estava passando por uma grande turbulência política e socioeconômica. Grandes conflitos já estavam visíveis desde a metade do século XIX na política de alianças das potências europeias: Tríplice Entente (Rússia, França e Inglaterra) e a Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália). A partir daí, eclode a Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918). Ainda em meio a esse conflito, 1917, dá-se a Revolução Russa (revolução proletária). Após a Primeira Guerra, novos conflitos e crises econômicas vão surgir.
Contexto histórico no Brasil
Enquanto a Europa se prepara e vive o conflito da Primeira Guerra Mundial, o Brasil vive a República do “café-com-leite”, dominada pelos grandes proprietários rurais. Foi a época áurea da economia cafeeira (São Paulo) e do desenvolvimento do gado leiteiro (Minas Gerais) no Sudeste. Com essa realidade, deu-se a entrada de grandes levas de imigrantes, em especial, italianos, para trabalharem nas fazendas de café. O Sul e o Sudeste cresciam rapidamente, enquanto que o Nordeste entrava em decadência com a cultura da cana-de-açúcar, devido à ascensão do café. Em meio a essa realidade econômica, a classe média cresce, surge a classe operária e, paralelamente a isso, os escravos recém-libertados vivem numa situação de extremo abandono, à margem da sociedade. Além disso, temos o esplendor da Amazônia, com o ciclo da borracha e a crescente urbanização de São Paulo.
Ao lado de toda essa prosperidade, que deixa fortes contrastes na sociedade brasileira, foi o tempo também dos grandes conflitos sociais em vários pontos do país. Em fins do século XIX, ocorreu a Revolta de Canudos, na Bahia, liderada por Antônio Conselheiro. No sertão de Cariri, no Ceará, de 1911 a 1914, formou-se um movimento religioso, denominado Revolta de Juazeiro, sob a liderança do Padre Cícero e de Floro Bartolomeu, cujas ideias entravam em confronto com o sistema coronelista. No período de 1912 a 1916, Santa Catarina viveu a Revolta do Contestado, movimento de caráter messiânico, cujo líder, o beato José Maria, pretendia fundar uma “monarquia celestial” na região, na qual não seria permitida a cobrança de impostos nem a propriedade da terra. Pernambuco, por volta de 1920, Lampião e seus cangaceiros protestam contra a opressão da vida nordestina e desencadeiam uma série de conflitos.
Houve também manifestações de protestos de ordem urbana e social. No Rio de Janeiro, em 1904, ocorreu a revolta contra a vacina obrigatória de combate à varíola e à febre amarela, promovida por Oswaldo Cruz, médico sanitarista. Em 1910, no Rio, a Revolta da Chibata, a qual exigia o fim do castigo corporal na Marinha. São Paulo enfrenta os primeiros movimentos das greves gerais de operários (1917-1919) por melhores condições de trabalho.

Características do Pré-Modernismo
Apesar de o Pré-Modernismo não constituir uma escola literária, podemos perceber alguns pontos em comum entre as principais obras literárias pré-modernistas:
  • Ruptura com o passado, com o academicismo: linguagem não literária, mais realista.
  • Denúncia da realidade brasileira: fala-se do sertão nordestino, dos caboclos do interior, dos subúrbios.
  • Regionalismo: os autores pré-modernistas colocam em suas obras a realidade do Norte e Nordeste (Euclides da Cunha); o Espírito Santo (Graça Aranha); o vale do Paraíba e o interior de São Paulo (Monteiro Lobato) e o subúrbio carioca (Lima Barreto).
  • Tipos humanos marginalizados: sertanejo, nordestino, caipira, mulato, funcionários públicos.
  • Ligação com fatos políticos, econômicos e sociais da época: menor distanciamento entre realidade e ficção.

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Perguntas do trabalho de Pré-modernismo

1.     O que se entende por Pré-Modernismo?
2.     Quais as principais revoltas que marcaram o início do século XX no Brasil? Que legado essas revoltas nos deixaram?
3.     Leia o fragmento de texto abaixo e aponte uma característica do Pré-Modernismo.
“E a tudo atendendo considero-me eleito – mas numa nova situação de academicismo: o acadêmico de fora, sentadinho na porta do Petit Trianon com os olhos reverentes pousados no busto do fundador da casa e o nome dos dez signatários gravados indelevelmente em meu imo. Fico-me na soleira do vestíbulo. Mal comportado que sou, reconheço o meu lugar. O bom comportamento acadêmico lá de dentro me dá aflição...”

4.     Leia a letra de música “Notícias do Brasil (Os pássaros trazem)”, de Milton Nascimento e Fernando Brant.

Uma notícia está chegando lá do Maranhão
não deu no rádio, no jornal ou na televisão
veio no vento que soprava lá no litoral
de Fortaleza, de Recife e de Natal

A boa-nova foi ouvida em Belém, Manaus,
João Pessoa, Teresina e Aracaju
e lá do norte foi descendo pro Brasil central
chegou em Minas, já bateu bem lá no sul

Aqui vive um povo que merece mais respeito, sabe?
e belo é o povo como é belo todo amor
aqui vive um povo que é mar e que é rio
e seu destino é um dia se juntar

O canto mais belo será sempre mais sincero, sabe?
e tudo quanto é belo será sempre de espantar
aqui vive um povo que cultiva a qualidade
ser mais sábio que quem o quer governar

A novidade é que o Brasil não é só litoral
é muito mais, é muito mais que qualquer zona sul
tem gente boa espalhada por esse Brasil
que vai fazer desse lugar um bom país

Uma notícia está chegando lá do interior
não deu no rádio, no jornal ou na televisão
ficar de frente para o mar, de costas pro Brasil
não vai fazer desse lugar um bom país

5.     Identifique três características do Pré-Modernismo presentes na letra da música. Justifique com versos do texto.

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quinta-feira, 2 de julho de 2015

10 sites que oferecem aulas gratuitas de português http://flip.it/JQlpv

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domingo, 21 de junho de 2015

Link para " Missa do Galo" de Machado de Assis

Para acessar o texto clique aqui.

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domingo, 14 de junho de 2015

Link para "A igreja do diabo" de Machado de Assis

Para acessar o conto clique aqui.

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Positivismo e determinismo (Resumidíssimo)

Positivismo e determinismo


O positivismo propõe à existência humana valores completamente humanos, afastando radicalmente a teologia e a metafísica (embora incorporando-as em uma filosofia da história). Assim, o positivismo associa uma interpretação das ciências e uma classificação do conhecimento a uma ética humana radical. O positivismo defende a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro. Os positivistas não consideram os conhecimentos ligados às crenças, superstição ou qualquer outro que não possa ser comprovado cientificamente. Para eles, o progresso da humanidade depende exclusivamente dos avanços científicos.

Determinismo é o “princípio segundo o qual tudo no universo, até mesmo a vontade humana, está submetido a leis necessárias e imutáveis, de tal forma que o comportamento humano está totalmente predeterminado pela natureza, e o sentimento de liberdade não passa de uma ilusão subjetiva”. Segundo o Vocabulário de Filosofia, determinismo é “a teoria segundo a qual tudo está determinado, isto é, submetido a condições necessárias e suficientes, elas próprias também determinadas”.

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sexta-feira, 5 de junho de 2015

Realismo e Naturalismo

Realismo e Naturalismo


O realismo foi um movimento artístico e literário surgido nas últimas décadas do século XIX na Europa, mais especificamente na França, em reação ao romantismo. Entre 1850 e 1900 o movimento cultural, chamado realismo, predominou na França e se estendeu pela Europa e outros continentes. Os integrantes desse movimento repudiaram a artificialidade do neoclassicismo e do romantismo, pois sentiam a necessidade de retratar a vida, os problemas e costumes das classes média e baixa não inspirada em modelos do passado. O movimento manifestou-se também na escultura e, principalmente, na pintura e em alguns aspectos sociais.
Entende-se por "realismo literário" um estilo de escrita que toma a realidade como princípio orientador de criação artística por meio da palavra. Neste sentido, o realismo pode ser percebido em texto de qualquer época, desde as primeiras manifestações da humanidade até hoje; mas, como movimento relativamente organizado, começou na segunda metade do século XIX, na França, difundindo-se por todos os países da Europa, com oposição declarada, ou não, ao sentimento romântico. O movimento realista correspondeu à ascensão da pequena burguesia. O pensamento filosófico que exerceu mais influência no surgimento do realismo foi o positivismo. Ao contrário do gosto da alta burguesia, interessada no jogo vazio das formas artísticas (a "arte pela arte"), motivou-a uma arte voltada a solução dos problemas sociais, isto é, uma arte "engajada" de "compromissos", que se colocava também contra o tradicionalismo romântico e procurava incorporar os descobrimentos científicos de seu tempo.
O naturalismo é uma espécie de prolongamento do realismo. Não chegaram a ser movimentos literários distintos, tanto é que muitos autores são simultaneamente realistas e naturalistas, sendo o naturalismo cronologicamente posterior ao realismo. Para muitos, o realismo representava uma alternativa do que era visto como um isolamento ou mesmo um elitismo da vanguarda — ponto de vista que ganhou apoio a partir da adoção do realismo socialista como a forma oficial de arte da União Soviética. Contudo, outras vozes insistiam em que a vanguarda possuía um papel a exercer no desenvolvimento de um realismo moderno adequado às condições do século
Realismo não só foi moldado como uma importante escola e períodos da história da literatura, mas também foi uma constante de toda a literatura, a sua primeira formulação teórica foi o princípio da mimesis na Poética de Aristóteles. Em geral, os realistas retratavam temas e situações em contextos contemporâneos do cotidiano, e tentaram descrever indivíduos de todas as classes sociais de uma maneira similar. O idealismo clássico, o emocionalismo romântico e drama foram evitados de forma igual, e muitas vezes os sórdidos ou não cuidados elementos de temas não foram suavizados ou omitidos. O realismo social enfatiza a representação da classe trabalhadora, e os tratam com a mesma seriedade que as outras classes de arte, mas o realismo, como prevenção a artificialidade, no tratamento das relações humanas e as emoções também eram um objetivo do realismo. Tratamentos de assuntos de uma maneira heroica ou sentimental foram igualmente rejeitados.
Motivados pelas teorias científicas e filosóficas da época, os escritores realistas desejavam retratar o homem e a sociedade em sua totalidade.30 Não bastava mostrar a face sonhadora ou idealizada da vida, como fizeram os românticos; desejaram mostrar a face nunca antes revelada: a do cotidiano massacrante, do amor adúltero, da falsidade e do egoísmo humano, da impotência do homem comum diante dos poderosos.
Uma característica do romance realista é o seu poder de crítica, adotando uma objetividade que faltou ao romantismo. Grandes escritores realistas descrevem o que está errado de forma natural, ou por meio de histórias como Machado de Assis. Se um autor desejasse criticar a postura de alguma entidade, não escreveria um soneto para tanto, porém escreveria histórias que envolvessem-na de forma a inserir nessas histórias o que eles julgam ser a entidade e como as pessoas reagem a ela.


Em lugar do egocentrismo romântico, verifica-se um enorme interesse de descrever, analisar e até em criticar a realidade. A visão subjetiva e parcial da realidade é substituída pela visão objetiva, sem distorções. Dessa forma os realistas procuram apontar falhas talvez como modo de estimular a mudança das instituições e dos comportamentos humanos. Em lugar de heróis, surgem pessoas comuns, cheias de problemas e limitações. Na Europa, o realismo teve início com a publicação do romance realista Madame Bovary (1857) de Gustave Flaubert.

Assista aos vídeos abaixo:




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quinta-feira, 19 de março de 2015

Romantismo

O romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII na Europa que perdurou por grande parte do século XIX. Os primeiros países que iniciaram o movimento romântico foram Alemanha (1790 – 1830), Inglaterra (1790 – 1832) e França (1825 – 1850). Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao racionalismo e ao iluminismo e buscou um nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais na Europa.
O movimento passa a designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo, em seu sentimento. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo. Se o século XVIII foi marcado pela objetividade, pelo iluminismo e pela razão, o início do século XIX seria marcado pelo lirismo, pela subjetividade, pela emoção e pelo eu. A subjetividade da vida ganhou grande destaque no período romântico. Baseava-se na inspiração fugaz dos momentos fortes da vida subjetiva: na fé; no sonho; na paixão; na intuição; na saudade; na analogia entre a natureza e o sentimento; e na força das lendas nacionais.
O romantismo surgiu na Europa em uma época em que o ambiente intelectual era de grande rebeldia. Na política, caíam sistemas de governo despóticos e surgia o liberalismo político. No campo social, imperava o inconformismo. No campo artístico, o repúdio às regras. A Revolução Francesa é o clímax desse século de oposição.


A liberdade guiando o povo por Eugène Delacroix

Características do romantismo
·         Individualismo - os românticos libertam-se da necessidade de seguir formas reais de intuito humano, abrindo espaço para a manifestação da individualidade, muitas vezes definida por emoções e sentimentos.
·         Subjetivismo – expressão pessoal sobre o mundo. Com plena liberdade de criar, o artista romântico não se acanha em expor suas emoções pessoais, em fazer delas a temática de sua obra.
·         Idealização – movido pela imaginação/subjetividade, os artistas exageram nas características de suas produções artísticas.
·         Sentimentalismo exacerbado – as obras românticas apresentam sentimentalismo exagerado, sendo as mais comuns a saudade, o amor à pátria, a tristeza e a desilusão. A realidade é visto sob a perspectiva pessoal
·         Natureza interagindo com o eu lírico -, a natureza interage com o eu-lírico. Ela funciona quase como a expressão mais pura do estado de espírito do poeta. Não funciona mais como apenas paisagem.
·         Medievalismo (na Europa) - a origem de seu povo, de sua língua e de seu próprio país foram utilizados para despertar o nacionalismo.
·         Indianismo - Como os brasileiros não tinham um cavaleiro para idealizar, os escritores adotaram o índio como o ícone para a origem nacional e o colocam como um herói. O indianismo resgatava o ideal do "bom selvagem" (Jean-Jacques Rousseau), segundo o qual a sociedade corrompe o homem e o homem perfeito seria o índio, que não tinha nenhum contato com a sociedade europeia.
No Brasil, o romantismo coincidiu com a Independência política do Brasil em 1822, com o Primeiro reinado; com a guerra do Paraguai; e com a campanha abolicionista. O romantismo no Brasil pode ser dividido em três gerações:
A primeira geração (nacionalista–indianista) era voltada para a natureza, o regresso ao passado histórico. Criou-se um herói nacional entorno da figura do índio, de onde surgiu a denominação de geração indianista. Também se destaca o nacionalismo, na tentativa de desconstruir o sentimento de colonialismo, firmando o nascimento de uma nação. A idealização do mundo e da mulher; a depressão por essa idealização não se materializar; assim como a fuga da realidade e o escapismo.
Entre as principais características da primeira geração romântica no Brasil estão: o nacionalismo ufanista, o indianismo, o subjetivismo, a religiosidade, o brasileirismo (linguagem), a evasão do tempo e espaço, o egocentrismo, o individualismo, o sofrimento amoroso, a exaltação da liberdade, a expressão de estados de alma, emoções e sentimentalismo.
A segunda geração, também conhecida como Byroniana e Ultrarromantismo, em virtude do exacerbado egocentrismo e da contundente melancolia. Os representantes dessa geração eram extremamente pessimistas, e por levar uma vida desregrada, vivendo em ambientes sombrios e úmidos e fazendo parte da boemia, foram acometidos pelo chamado “Mal do Século”, morrendo precocemente em função de doenças adquiridas pelos maus hábitos cotidianos.
Já as principais características da segunda geração foram o profundo subjetivismo, o egocentrismo, o individualismo, a evasão na morte, o saudosismo (lamentação) em Casimiro de Abreu, por exemplo, o pessimismo, o sentimento de angústia, o sofrimento amoroso, o desespero, o satanismo e a fuga da realidade.
Por fim há a terceira geração, conhecida também como geração Condoreira, simbolizada pelo Condor, devido a sua visão ampla sobre todas as coisas. Seria a fase de transição para outra corrente literária, o realismo, a qual denuncia os vícios e males da sociedade, mesmo que o faça de forma enfatizada e irônica, com o intuito de pôr a descoberto realidades desconhecidas que revelam fragilidades.
As principais características são o erotismo, a mulher vista com virtudes e pecados, o abolicionismo, a visão ampla e conhecimento sobre todas as coisas, a realidade social e a negação do amor platônico, com a mulher podendo ser tocada e amada.
Essas três gerações citadas acima apenas se aplicam para a poesia romântica, pois a prosa no Brasil não foi marcada por gerações, e sim por estilos de textos - indianista, urbano ou regional - que aconteceram todos simultaneamente.
No país, entretanto, o romantismo perdurará até 1880. Com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, por Machado de Assis, em 1881, ocorre formalmente a passagem para o período realista.

Assista aos vídeos abaixo com explicações mais detalhadas:








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